Uma nova forma de viver
Onde: Curitiba • 17 de Dezembro - 2020 |O que a pandemia nos ensinou
Êee 2020, você veio para tirar todo mundo da zona de conforto. Muitos que nem percebiam as mudanças de estação do ano, passaram a olhar para o mundo com outros olhos. Olhos esses que passaram a olhar ao redor, nos detalhes da casa, no monte de coisa inútil acumulada no armário; passaram a buscar por receitas para tornar as inúmeras refeições feitas em casa um momento prazeroso. Gente que passou a olhar para os filhos, e a reconhecer neles, o próprio espelho.
Foi um ano meio estranho sim, mas que trouxe uma importante lição: de que precisamos da natureza, do contato com o verde, do rio, da praia; precisamos da floresta em pé. Passamos a valorizar o canto dos pássaros, a fruta colhida no quintal de casa, a flor que desabrochou na Primavera. As caminhadas no parque, os passeios no bosque. Os momentos com as pessoas que amamos.
Aqui no Sítio Gramado, local onde moro com a família, a conexão com a natureza foi literalmente avassaladora e incrivelmente libertadora. Lá no início da pandemia, decidimos fazer aquilo que estávamos ensaiando há dois anos – plantar o nosso próprio alimento. Trabalhamos o solo, adubamos e semeamos feijão, milho, abóbora, mandioca, amendoim, todo tipo de tempero e hortaliça. A meta era sair de casa o mínimo possível e ter segurança alimentar.
Colhemos a nossa primeira safra de mandioca, abóbora e feijão. Comemoramos! Estamos prestes a colher o milho. E fico pensando cá com os meus botões que precisou surgir uma pandemia para meu marido e eu colocar em ação algo que já estava há tempos em nossos planos, mas nunca tínhamos tempo suficiente para nos dedicar. Pois bem, a Dona Pandemia veio para nos ensinar que quem estabelece as prioridades da nossa vida somos nós. Realização = realizar a ação.
Trabalhamos de domingo a domingo, não foi fácil administrar as demandas do nosso escritório de paisagismo com os cursos de jardinagem (que migraram para a plataforma on-line), os estudos das crianças em casa, preparação das refeições e outras demandas domésticas. Mas o esforço valeu a pena. Descobrimos uma nova forma de viver, conseguimos praticar a resiliência e a paciência. As crianças passaram a entender melhor o porquê de estarmos aqui. Passaram a pedir para ir até o canteiro para saber se as sementes que elas nos ajudaram a plantar, germinou.
Enquanto brotava da terra as mudinhas das sementes que plantamos, germinava em meu coração a confiança de que não importa o que aconteça: se temos saúde, união entre a família, fé e conexão com a natureza, a vida pode ser boa, mesmo com inúmeros desafios.
Mudando de assunto. Alguém tem boas receitas de milho para me ensinar? Acho que vamos precisar.
Beijos e Feliz Natal!