Termos como "inteligência artificial", "design biomimético" e "arquitetura paramétrica" podem parecer coisa de ficção científica mas, na verdade, já são a realidade do mundo da arquitetura e design. Novas ferramentas  e simulações indicam que a realidade já não é mais o limite para o que a arquitetura pode produzir, especialmente quando se trata do trabalho do designer egípcio Hassan Ragab. Radicado na Califórnia, Hassan utiliza ferramentas de inteligência artificial para criar cenários e edificações que desafiam a imaginação. Com formas curvilíneas e referências ao mundo natural, seu estilo já foi descrito como "art nouveau surrealista", "biomimética futurista", "arquitetura lisérgica" e por aí vai. A verdade, porém, é que seus trabalhos ainda existem apenas no mundo virtual - pelo menos por enquanto.

Hassan utiliza a ferramenta de inteligência artificial Midjourney (foto acima) - um programa capaz de converter descrições textuais, códigos e comandos em imagens e conceitos visuais complexos. Hassan reconstrói modelos virtuais básicos em combinações abstratas que exemplificam o conceito de "arquitetura paramétrica" - a tendência do mundo da arquitetura e engenharia de substituir o tempo dedicado ao design da edificação ou objeto pelo aperfeiçoamento dos parâmetros e processos usados para a sua criação. Na prática, as novas ferramentas permitem aos profissionais criar conceitos com base em descrições estéticas ou necessidades que devem ser atendidas pelo edifício em questão: o resultado sugere uma visão empolgante para a produção arquitetônica do futuro.

O próprio Hassan, acredita que suas obras surgiram a partir dos seus questionamentos sobre o futuro da arquitetura após o advento das ferramentas de inteligência artificial. "Estas ferramentas ainda estão na sua infância, porém estão se desenvolvendo em um ritmo muito mais rápido do que somos capazes de compreender. Já estamos testemunhando a inclusão de algumas destas ferramentas aos produtos Adobe, a programas de edição de vídeo, e até mesmo à conversão direta de texto em modelos 3D. Há também desenvolvedores experimentando modelos automáticos para o BIM (Building Information Modeling). Eu acredito que nos próximos anos estas ferramentas lentamente ganharão espaço no processo de produção da arquitetura, especialmente para analisar opções viáveis de construção e otimizar soluções estruturais, gerenciando etapas do projeto e métodos construtivos. A essa altura será muito difícil definir o que significa ser um arquiteto. Por enquanto, tenho a esperança de que a tencnologia permita à humanidade sempre alcançar as melhores e mais sensatas ideias para construir o mundo que nos cerca e definir como vivemos. Mas também posso estar errado." - afirmou o designer em entrevista ao site designboom.

Porém, ao contrário do que se pode imaginar, estas novidades provavelmente trarão desafios criativos ainda maiores para os profissionais do futuro. Assim como as ferramentas computadorizadas não substituíram os arquitetos de carne e osso, as novas tecnologias servirão principalmente para facilitar o processo criativo e oferecer um leque de possibilidades ainda maior aos criadores. A exemplo do que aconteceu com a engenharia após a invenção de ferramentas 3D e simulação computadorizada, é mais provável que as novas edificações tenham estruturas ainda mais complexas e que exijam ainda mais das mentes criativas responsáveis pelo seu design e identidade visual.

Hassan opina que "Pouquíssimos arquitetos conseguem traduzir suas visões para construções do mundo real, principalmente porque, devido ao custo e complexidade, geralmente estes profissionais precisam se preocupar com vários outros aspectos arquitetônicos além do design em si. Apesar de hoje em dia existirem algumas obras e construções incríveis em termos de engenharia e projeto a arquitetura, enquanto linguagem visual, é algo restrito a um número seleto de profissionais estrelados que podem se dar ao luxo de imprimir sua assinatura às edificações. As ferramentas de inteligência artificial são meramente ferramentas artísticas que abrem um gigantesco leque de possibilidades para arquitetos - especialmente os mais jovens e ocupados - permitindo a eles visualizar rapidamente seus conceitos criativos e analisar questões essenciais sobre suas inspirações arquitetônicas e sobre as fontes das identidades visuais das cidades contemporâneas". Os cérebros pensantes, portanto, prometem continuar sendo parte essencial da boa arquitetura - tanto a de hoje quanto a do futuro. Ainda bem!

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Instagram do designer: @hsnrgb