A ideia de entrelaçar materiais para criar uma trama provavelmente foi inspirada pela natureza: a observação de ninhos de pássaros, teias de aranha e construções de animais despertaram a curiosidade dos primeiros artesãos das civilizações primitivas, que descobriram que podiam manipular materiais flexíveis e criar objetos que facilitariam sua vida. A partir da Revolução Neolítica, por volta de 10.000 A.C., a tecelagem passou a ser parte definitiva da cultura humana.

“A arte da tapeçaria veio como uma evolução natural e remonta à antiguidade, por volta de 2000 A.C, tendo aparecido em vários lugares do mundo ao mesmo tempo. Embora seus registros mais evidentes venham do Egito, sabe-se que povos que habitaram a Mesopotâmia, Grécia, Roma, Pérsia, Índia e China também praticavam a tapeçaria, usando materiais naturais como insetos, plantas, raízes e cascas”, conta Karina Ferreira, Diretora de Criação e especialista em tapetes da Maiori Casa. A marca, especializada em tapetes e tecidos de alta performance, é focada em atender lojistas no mercado artesanal premium.

Dentre os povos que exploraram a arte da tecelagem e estimularam sua evolução, ao longo de milhares de anos, os mais famosos do mundo são os orientais. Através da descoberta e experimentação, porém sempre com uma estrutura fundamental intrincada, os tapetes originários da Índia e Oriente Médio são reconhecidos até hoje por sua beleza e qualidade incomparável.

“Um tapete é formado de um tecido entrelaçando dois conjuntos distintos de fios em uma base vertical, chamadas de urdidura (warp). O fio horizontal que se entrelaça por cima e por baixo delas é chamado de trama (weft). As urdiduras também podem acabar como franjas decorativas em cada extremidade do tapete. O intertravamento da urdidura e da trama cria uma estrutura simples e essas duas estruturas são essenciais. A urdidura fica numa posição fixa como base para que se estabeleça a criatividade da trama que delineia no horizonte, caracterizando desenhos concebidos pelo artesão”, explica Karina.

O portfólio da Maiori Casa inclui tapetes de diversas partes do mundo, dentre os quais se destacam os indianos. Tendo como base a tapeçaria persa, estes tapetes são escolhas certeiras quando se trata da decoração de ambientes. Os tapetes indianos foram introduzidos na cultura do país pelo grande magnata Akbar (1556-1605), que ao sentir falta do luxo das tapeçarias da antiga Pérsia, decidiu reunir tecelões persas e artesãos indianos para produzir os tapetes do seu palácio. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII muitos tapetes indianos foram tecidos e confeccionados com a melhor lã e seda de ovelha, sempre inspirados nos tapetes persas.

“Com o passar dos séculos, os artesãos indianos foram ganhando independência e se adaptando à realidade local, permitindo que os tapetes tivessem mais apelo comercial ao introduzir fibras de menor valor como o algodão, a lã indiana e a viscose. Logo após a independência da Índia em 1947, a fabricação comercial teve um novo despertar. Hoje, o país é um grande exportador de tapetes e tapetes artesanais com excelente custo-benefício, e são reconhecidos por sua habilidade e inovação no uso de materiais”, completa a Diretora. Em alta no décor, especialmente com a retomada da tendência artesanal, cada peça representa milhares de anos de cultura e história.