A reforma do Teatro do Paiol, promovida e autorizada pela Prefeitura Municipal de Curitiba, gerou polêmica e acusações de desrespeito à identidade arquitetônica e valor histórico da edificação. Construído em 1906 para funcionar como depósito de pólvora, a fachada rústica original (foto abaixo) - já familiar entre os curitibanos – deu lugar a um novo acabamento com pintura amarela.

A nova aparência do edifício (foto abaixo) foi criticada pelo arquiteto Abraão Assad, autor do projeto de reciclagem do Teatro do Paiol em 1971, que diz ter sido surpreendido quando foi informado, por terceiros, da situação gerada pela reforma. A arquiteta da Fundação Cultural de Curitiba, Silvia Bueno Zilotti, defende a intervenção e afirma as medidas foram tomadas para eliminar fissuras e ranhuras que poderiam comprometer a integridade do teatro. Ainda segundo Silvia, o público se queixava frequentemente de quedas de alvenaria durante os espetáculos.

A fachada ganhou revestimento novo e foi posteriormente pintada com cal, permitindo o retorno gradual à característica envelhecida original com o passar do tempo. Segundo o arquiteto da Universidade Federal do Paraná, Marco Aurelio Peixe, quando se trata de restauro ou manutenção de obras tombadas pelo patrimônio público há duas alternativas: na primeira, identifica-se exatamente a aparência e acabamento original da edificação a partir de documentos históricos e imagens de arquivo; depois, caso seja possível verificar exatamente onde e como os reparos devem ser realizados para devolver a edificação à forma mais parecida possível com o original, a obra é realizada.

Na segunda alternativa, caso não exista documentação ou referência histórica suficiente para guiar os reparos, o recomendado é realizar uma intervenção arquitetônica que cumpra sua necessidade e, ao mesmo tempo, seja obviamente diferente da arquitetura original (instalação de portas de vidro em prédios clássicos, painéis metálicos em imóveis de madeira, etc.). Com isso, o profissional deixa claro onde e quando foram feitas alterações, preservando o valor histórico da edificação.

De qualquer forma o resultado dividiu opiniões. Parece que o teatro paiol faz jus ao caráter explosivo da pólvora que costumava armazenar.