• CONTENT
Arquitetura

Vista cinematográfica: casa construída no ponto mais alto da montanha

Onde: • 10 de Julho - 2024 | Fotos Maíra Acayaba

Projetar casas nas montanhas apresenta um conjunto único de desafios e oportunidades que diferem significativamente dos projetos em áreas urbanas ou planas. As casas nas montanhas devem harmonizar com o ambiente natural, maximizar as vistas panorâmicas, e enfrentar condições climáticas adversas.

Construir uma casa na montanha se tornou o sonho de muitas pessoas. Estar perto da natureza, em um refúgio totalmente personalizado, contribui significativamente para o bem-estar físico e mental. Com esse sonho em mente, um casal de paulistanos viajados pelo mundo solicitou a ajuda do arquiteto Frederico Sabella, à frente do escritório Sabella Arquitetura, para construir esta casa de 417 m² na região montanhosa de Gonçalves, município no sul de Minas Gerais, região muito procurada para turismo, especialmente no inverno, devido à sua altitude.

 

O primeiro desafio foi chegar ao terreno no topo de uma montanha de 1220 m de altitude, totalmente íngreme. Em sua primeira visita ao local, Frederico conseguiu chegar de carro 4x4 apenas até metade do caminho, subindo o restante a pé e em alguns trechos até escalando, segundo ele. “Percebi que, com pequenas modificações, poderíamos criar um platô ideal para acomodar a casa. Cauteloso, mencionei ao cliente que o local era perfeito, mas o trabalho seria árduo. E o proprietário me tranquilizou dizendo: ‘Se o Homem foi à Lua, nós chegaremos aqui também’, dando o aval necessário para iniciarmos o projeto”, relata o arquiteto, que comandou a equipe talentosa da Sabella Arquitetura nesta jornada.

 

Definição do Terreno
Após confirmar as percepções do levantamento planialtimétrico, foi viável estabelecer um platô de 40 x 25 m no topo da montanha. A ideia inicial era configurar a casa em formato de U, com um pátio central conectando todas as áreas. Posicionado ao norte, o pátio usa o próprio corpo da casa como proteção contra os ventos gelados do Sul, assegurando conforto durante os invernos intensos da região. Com 80 m², o espaço social é livre de paredes, justamente para que a vista paradisíaca pudesse ser deslumbrada de diferentes lugares. Caixilhos de vidro aproximam a serra de quem desfruta do calor da lareira e do fogão a lenha enquanto conversa, cozinha ou simplesmente relaxa no sofá.


Proposta do arquiteto e pedido dos clientes
Com o terreno definido, Frederico antecipou-se apresentando uma alternativa moderna para a casa, pautada no estilo de vida dos clientes. "A princípio, a ideia era criar uma casa limpa, branca e reta, com um corpo único, mas articulado como uma Asa Delta", explica o arquiteto. “Porém, os clientes sonhavam com uma casa rústica, com telhado e fogão a lenha, seguindo a proposição existente”, lembra o arquiteto.

 

Materiais Locais

 

 

Toda estruturada em madeira, a casa conta com pilares antigos de uma tulha de café, talhados e envelhecidos. Painéis de madeira fecham os quartos com ventilação adequada. Muros e contenções de base são feitos com pedras do terreno, enquanto o restante da casa é revestido com pedra natural. O piso de cimento percorre a casa, exceto nas suítes, onde a madeira de demolição cria aconchego. As cabeceiras dos quartos são de tijolos brancos, contrastando com as paredes rústicas.

 

Acesso e entrada da casa

 

 

Um caminho sinuoso pela montanha revela gradualmente a casa de veraneio, com inspiração balinesa que lembra a infância do arquiteto Frederico Sabella. A entrada à direita conduz à garagem, protegida por uma pérgula verdejante e de fácil acesso direto às suítes e ao espaço social

 

O acesso à construção começa com uma estrada cheia de curvas nos limites da montanha, revelando gradualmente a construção, conforme se aproxima. A entrada é situada por baixo da casa, contornando-a e levando diretamente à garagem, protegida por uma pérgula coberta de vegetação. A partir da garagem, há um acesso direto ao pátio central externo, assim como à porta principal que direciona às suítes. “Essa disposição foi inspirada por uma casa estilo balinês que conheci na infância, onde a entrada se dava pela área dos quartos, facilitando o acesso direto às suítes e ao espaço social, uma memória resgatada para a composição prática do projeto, especialmente pensando na conveniência de chegar a uma casa de veraneio com malas diretamente nas suítes”, relata Frederico.

 

Divisão mesmo com bastante integração

 

 Um corredor íntimo contrasta com o design envidraçado da casa, com aberturas verticais e paredes de pedra. Uma escada discreta marca a transição para a suíte principal no pavimento superior

 

O corredor, em contraste com o restante da casa, todo envidraçado, propõe uma área mais íntima e tranquila. As aberturas verticais mais restritas combinam-se com paredes de pedras. Ao fundo, a circulação conduza a uma sala de TV integrada a um aconchegante jardim de inverno, onde as pedras naturais do terreno se integram à construção. A transição entre a área íntima e social é marcada por uma dupla de paredes que abriga uma discreta escada, quase oculta, que leva à suíte principal, o único cômodo no pavimento superior.

 

Cozinha tradicional e bucólica

 

 

Na sala principal, um fogão à lenha aquece refeições em panelas de barro, destacando-se uma mesa de madeira robusta no espaço de jantar, cercada por ladrilho hidráulico que compõe o tapete desenhada pela Sabella Arquitetura

 

Na sala principal, a única parede abriga a escada e integra uma cozinha com uma bancada, onde o fogão à lenha é usado para servir refeições em panelas de barro mineiras. Em frente à cozinha, o espaço de jantar conta com uma mesa de madeira imponente, que se destaca como o ponto central para cafés, almoços, jantares e encontros familiares. Ao redor da mesa, um tapete de ladrilho hidráulico, que também reveste a cozinha, acrescenta um toque de tradição ao ambiente. As cores e padrões dos ladrilhos ajudam a compor uma atmosfera acolhedora e nostálgica. “Detalhes, como vasos de flores e utensílios de cobre pendurados nas paredes, completam a decoração, tornando a sala principal um espaço onde modernidade e rusticidade se encontram harmoniosamente”, detalha Frederico.

 

Estar amplo e com vista maravilhosa

 

 

Um refúgio de tranquilidade e beleza, onde uma lareira suspensa cria um ambiente acolhedor enquanto oferece vistas deslumbrantes da paisagem circundante. Os materiais naturais, presentes em toda a estrutura da casa, inclusive na composição do telhado aparente, são estrelas do projeto

 

O espaço de estar é dividido pela presença de uma lareira suspensa, cuja estrutura moderna e elegante proporciona um ponto focal cativante. A lareira resulta em um ambiente acalentador e convidativo, enquanto suas amplas aberturas permitem vistas deslumbrantes através dos vidros que envolvem a sala. Essa combinação harmoniosa entre o calor do fogo e a paisagem expansiva contribui para os momentos de relaxamento e descanso.

 

A parte leste da casa é privilegiada com vistas panorâmicas para o vale de Gonçalves e a imponente Pedra do Baú, que se ergue majestosa próxima a Campos do Jordão. Este cenário natural, emoldurado pelas janelas do espaço de estar, proporciona uma conexão constante com a beleza exterior, transformando cada momento em uma experiência visualmente rica e inspiradora.




Piscina que se conecta ao horizonte

 

 

O pátio central da casa apresenta uma piscina de borda infinita, criando a ilusão de água sem fim. Cercada por um deck de madeira e áreas de estar confortáveis, oferece um local ideal para relaxar e apreciar a natureza

 

Ao Norte, o pátio central é definido por uma impressionante piscina de borda infinita. Bem projetada, ela parece fundir-se com o horizonte, criando a ilusão de que a água se estende até o infinito. A piscina não só oferece um lugar para refrescar-se nos dias quentes, mas também atua como um elemento estético que complementa a elegância do design da casa. Rodeada por um deck de madeira e áreas de estar confortáveis, a piscina é o local perfeito para relaxar e desfrutar da tranquilidade e da beleza natural que circunda a residência.

 

Quartos rústicos, porém, modernos

 

 

O corpo principal da casa com cinco suítes, tem um telhado de telhas cerâmicas suavemente inclinado, harmonizando-se com a paisagem. Pérgolas nas extremidades reforçam a horizontalidade e a integração com a natureza

 

O corpo principal da casa, que inclui cinco suítes e áreas sociais, é coberto por um telhado de telhas cerâmicas com uma leve inclinação, suavizando sua aparência e harmonizando-se com a paisagem. As pérgolas, instaladas nas extremidades, reforçam a horizontalidade do projeto, criando uma sensação de continuidade e integração com o ambiente natural.

 

Área Gourmet com deck

 

A área gourmet, cercada por jardins e pérgolas, é ideal para culinária e convivência ao ar livre, com sauna, banheiro e um deck voltado para o pôr do sol, proporcionando conforto e momentos inesquecíveis

 

A área gourmet é um verdadeiro refúgio para os amantes da culinária e da convivência ao ar livre. Cercada por jardins exuberantes e pérgolas que oferecem sombra e charme, este espaço é ideal para refeições ao ar livre e encontros sociais. A presença de uma sauna e um banheiro no extremo da área gourmet proporciona comodidade, luxo e um local perfeito para relaxar e revitalizar.

 

Complementando este cenário, um deck voltado para o pôr do sol oferece vistas deslumbrantes e momentos inesquecíveis. Este deck é o lugar ideal para terminar o dia, contemplando a beleza natural ao redor enquanto o sol se põe, pintando o céu com tons de laranja e rosa. “Assim, a área gourmet não é apenas um espaço funcional, mas também um oásis de tranquilidade e beleza, onde cada detalhe foi cuidadosamente pensado para proporcionar conforto e prazer”, finaliza Frederico.

 

Serviço:

Sabella Arquitetura
R. Francisco Leitão, 653, cj 21, Pinheiros, São Paulo
(11) 2691 2696
www.sabella.com.br
@sabella.arquitetura

Comentários
Deixe seu comentário

Identificação X
entrar usando o facebook