Retrofit é uma das expertises do Estúdio Convexo Arquitetura desde 2020. Muito antes de ocupar o centro do debate urbano em Curitiba - impulsionado por programas públicos voltados à requalificação da área central, à reocupação de edifícios ociosos e à preservação do patrimônio construído - essa prática já fazia parte da nossa atuação. Iniciativas como o “Curitiba de Volta ao Centro”, associadas a políticas de incentivo à moradia, ao uso misto, à hotelaria e à economia criativa, colocaram o retrofit como ferramenta estratégica para devolver uso, vitalidade e valor a estruturas existentes. Para o Convexo, esse movimento apenas reforça uma convicção anterior: reposicionar edifícios é também reposicionar a cidade.

Sob a ótica da arquitetura bioclimática, o retrofit não se resume a uma atualização estética. Trata-se de uma operação de leitura ambiental, urbana e técnica, que parte da compreensão do edifício existente – seu comportamento em relação ao sol, à ventilação, à orientação e à inserção no tecido urbano para redefinir usos, fluxos e desempenho. É uma arquitetura que trabalha com o que já está construído, reconhece seus limites e potencialidades e responde às demandas contemporâneas de moradia.

Um dos primeiros marcos da nossa trajetória é o residencial Vila Giardino, em Foz do Iguaçu, entregue em 2020. O projeto nasceu a partir de uma estrutura existente, com subsolo abandonado há mais de duas décadas. O trabalho envolveu estudo completo de viabilidade e atualização do produto, validação quanto à adequação de normas para dimensionamento de rotas de fuga, elevadores e espaços técnicos. A partir dessa base o programa foi redesenhado para abrigar unidades residenciais de um e dois quartos. O que antes era um vazio urbano oportunizou nova dinâmica de segurança para a vizinhança.

A Casa Cubo, em Curitiba, também projeto do nosso Estúdio, traduz essa mesma lógica aplicada à escala unifamiliar. A Cubo partiu da estrutura existente e promoveu uma atualização espacial e funcional sem comprometer o sistema construtivo original. O retrofit permitiu adequar a residência às necessidades atuais de uso, demonstrando como intervenções precisas podem ampliar a vida útil de uma edificação.

Hoje, o retrofit passa também a operar como uma estratégia pública de renovação urbana com impacto direto na viabilidade dos empreendimentos. Incentivos construtivos, flexibilizações de parâmetros urbanísticos e estímulos ao investimento privado tornam a requalificação de edifícios existentes uma alternativa competitiva para incorporadores. Além de ampliar o potencial construtivo, esse modelo permite antecipar prazos, otimizar infraestrutura já instalada e acessar localizações consolidadas, fatores que influenciam diretamente o equilíbrio econômico dos projetos.

Ao favorecer o reaproveitamento de estruturas existentes e reduzir a necessidade de demolições, o retrofit contribui para minimizar impactos associados ao descarte de materiais e ao consumo de recursos. Ao reinserir edifícios ociosos na dinâmica urbana, essas intervenções contribuem para qualificar áreas consolidadas e responder de forma mais responsável aos desafios atuais das cidades.

Para o Estúdio Convexo, esse tipo de intervenção demanda leitura urbana, domínio técnico e inteligência de investimento. É no equilíbrio entre projeto, legislação, viabilidade, desempenho e mercado que decisões ganham consistência e relevância ao longo do tempo.

Sobre os autores

Paula Morais é arquiteta, especialista em Arquitetura Bioclimática e Meio Ambiente pela Universidad Politécnica de Madrid.

Rogerio Shibata é arquiteto, mestre em Sustentabilidade e especialista em Construções Sustentáveis pela UTFPR.

Juntos, lideram o Estúdio Convexo Arquitetura, com sede em Curitiba e atuação nacional em projetos orientados por desempenho climático, inovação e sensibilidade ambiental.

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