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O fim do escritório fixo

Onde: • 18 de Agosto - 2025 |

O trabalho mudou: mesas rotativas, áreas de convivência, cabines de concentração e espaços inclusivos mostram a força do design colaborativo.

O mundo do trabalho já não cabe mais em mesas fixas nem em salas de reunião exclusivas. Hoje, a lógica é a da colaboração fluida, em que os espaços se adaptam às diferentes formas de produzir e conviver.
Escritórios contemporâneos deixam de ser ambientes rígidos para assumir a dinâmica de uma cidade: áreas abertas que convidam a encontros espontâneos, zonas de convivência que funcionam como praças e espaços reservados que garantem foco e privacidade quando necessário.

 

Essa organização flexível permite que cada profissional — independentemente da área de atuação ou até mesmo de seu perfil cognitivo — encontre um lugar apropriado para o que precisa fazer. Um primeiro andar pode ser projetado para conversas rápidas e informais, enquanto o nível superior concentra áreas silenciosas, cabines individuais ou salas destinadas a quem exige maior concentração. O resultado é um modelo de trabalho inclusivo, capaz de acolher desde reuniões descontraídas até necessidades específicas, como as de profissionais neurodivergentes. Mais do que mobiliário ou estética, trata-se de uma mudança cultural: os escritórios tornam-se ecossistemas vivos, preparados para estimular conexões, oferecer diversidade de experiências e refletir como o trabalho acontece no século XXI.

 

Vista ao nível da rua a sede da JLL, com mais de 800 m², tem espaços de colaboração inspirados em parques urbanos, com áreas de trabalho mais silenciosas no andar superior.

 

O novo escritório da JLL em Bruxelas, uma das principais consultorias globais em imóveis e desenvolvimento urbano, é um exemplo de como a arquitetura comercial pode ir além da funcionalidade e se transformar em estratégia de marca, inovação e sustentabilidade. Concluído em 2025, o projeto ocupa 876 m² em dois pavimentos e apresenta um conceito urbanístico que aproxima o ambiente de trabalho da lógica de uma cidade.

 

O balcão com base de pedra natural e elemento vegetal no teto, substitui a recepção tradicional e cria a sensação de parque urbano acolhedor com cafés.

 

A ideia foi criar um espaço dinâmico e multifuncional, em que os fluxos se assemelham aos de um centro urbano. Salas de reunião e cabines de trabalho aparecem como edifícios; corredores se tornam ruas de circulação; cafés e áreas de convivência assumem o papel de praças e parques. O coração do projeto é um fórum aberto, pensado como um parque interno com grandes jardineiras e vistas amplas, estimulando a conexão entre as pessoas e o contato visual com o verde.

 

 Os espaços de colaboração mesclam poltronas, assentos de café e bancos orgânicos que repetem as formas curvas do piso. Painéis perfurados envolvem as colunas e foram aplicados junto aos vidros, criando privacidade em relação à rua.

 

Cadeiras antigas foram reaproveitadas como encostos e mesas de apoio. Paleta de cores em azul e areia traduz a identidade da marca em clima caloroso e  elegante.

 

Essa configuração cria “bairros de trabalho”: áreas distintas adaptadas a diferentes perfis e necessidades. Há zonas de concentração silenciosa, ambientes colaborativos, espaços flexíveis para equipes híbridas e áreas sociais que favorecem encontros informais. A diversidade de tipologias garante que cada colaborador encontre o cenário adequado para o tipo de atividade que vai desempenhar.

 

 Espaços de reunião informais foram organizados no piso térreo estimulando conexões espontâneas. Estofados e revestimentos suaves tornam os pontos de encontro mais acolhedores.

 

O café central atua como ponto de encontro e integração entre os pavimentos.

 

Em todo o ambiente, plantas e grandes jardineiras introduzem a natureza no projeto. O painel de acesso ao piso superior recebeu carpet preto reaproveitado do antigo escritório.



Outro destaque é a aplicação de princípios de design circular. Mais de 80% dos materiais do antigo escritório foram reaproveitados: carpetes transformados em revestimentos acústicos de paredes, vidros recortados reutilizados como divisórias internas e cadeiras recondicionadas para novos usos. Essa estratégia não apenas reduziu o impacto ambiental, mas também deu identidade e memória ao espaço, mostrando como o passado pode dialogar com a inovação.

 

 

Painéis metálicos azuis perfurados permitem a entrada de luz no vão da escada, destacando a árvore que se estende do piso térreo ao andar superior.

 

As vigas de madeira maciça se repetem nas jardineiras e divisórias de estações e salas de reunião.

 

A materialidade reforça a proposta. Estruturas de madeira maciça marcam a recepção, concebida como uma grande praça de entrada. O contraste entre superfícies naturais, mobiliário contemporâneo e soluções tecnológicas cria um equilíbrio entre acolhimento e modernidade. A iluminação foi pensada para valorizar a luz natural, com sistemas de eficiência energética que reduzem consumo e custos operacionais.

 

O piso superior abriga os ambientes que exigem mais concentração e silêncio, como pequenas estações de trabalho, salas de reunião e cabines privativas. Na parede externa, o revestimento de cortiça natural traz referência tátil além de contribuir para o conforto acústico.

 

Não há monotonia no projeto: cada cabine temática recebe detalhes personalizados, da cor aos acabamentos acústicos e luminotécnicos.

 

Esse projeto sintetiza a visão da JLL, consultoria global que atua em todo o ciclo de vida do imóvel — da concepção ao gerenciamento — e que aposta na arquitetura como ferramenta de transformação. O escritório de Bruxelas funciona como um modelo replicável para empresas do setor imobiliário e corporativo: um espaço que integra estética, desempenho e propósito, tornando-se referência para quem busca unir design, sustentabilidade e bem-estar no ambiente de trabalho.

 

 A proposta reforça a linguagem visual da natureza presente em todo o projeto.

 

Cabines privativas foram projetadas para atender diferentes perfis neurodivergentes. Cores quentes, painéis acústicos e janelas voltadas para o exterior integram a proposta.

 

A área de lockers integra o conceito de funcionalidade do projeto.

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