coração histórico de Mumbai, a antiga Fábrica de Gelo Ambico, com 140 anos, foi restaurada e transformada em um espaço cultural que une arte, design e convivência. Localizada em Ballard Estate, área marcada pela arquitetura colonial britânica e pelo comércio portuário, a construção de 1 mil m² havia sofrido décadas de abandono e alterações improvisadas. A restauração do conjunto devolveu à cidade um patrimônio degradado, respeitando sua estrutura original e a árvore monumental que sempre esteve em seu centro — uma figueira-de-bengala (Ficus benghalensis), espécie nativa da Índia conhecida por suas raízes aéreas e copa extensa, que pode se expandir por centenas de metros.

 

 

 

 

 

 

 

O projeto, batizado de IF.BE (Ice Factory Ballard Estate), foi assinado por Malik Architecture, sob direção dos arquitetos Kamal Malik e Arjun Malik. Concebido como um organismo vivo, o espaço integra arquitetura, arte, exposições, performances e gastronomia sob a sombra da figueira. A decisão de manter a árvore como eixo central orientou toda a requalificação: sua copa tornou-se o coração do pátio, e as edificações antigas passaram a circundá-la como uma moldura natural.

 

 

 

 

 

Durante o processo de restauração, as paredes rebocadas foram cuidadosamente raspadas até que a alvenaria original voltasse a aparecer, e a marcenaria em teca birmanesa — característica das antigas construções coloniais — foi recuperada. Parte das estruturas metálicas e coberturas foi removida, devolvendo ao terreno o pátio contínuo que aparecia nas plantas originais.

 

 

 

 

 

Além da recuperação física, o IF.BE representa uma nova forma de reutilização adaptativa de espaços históricos. O projeto equilibra preservação e uso contemporâneo, mantendo as marcas do tempo enquanto reintroduz vitalidade por meio da cultura. Em vez de apagar o passado, ele o expõe, transformando o antigo galpão industrial em um polo de regeneração urbana e em exemplo de sustentabilidade aplicada à arquitetura.

 

 

 

Hoje, o IF.BE é mais que um centro cultural — é uma demonstração de como o diálogo entre o construído e o natural pode reescrever a história de uma cidade.