Produtos e Tendências

Geladeiras smart: inovação ou dor de cabeça?

Onde: • 21 de Agosto - 2025 |

Recursos tecnológicos impressionam, mas alto custo e relatos de falhas levantam dúvidas sobre a real vantagem desse eletrodoméstico.

As cozinhas vêm se tornando cada vez mais o centro da casa, e é nesse espaço que a tecnologia encontra o design para criar experiências práticas e sofisticadas. Um dos maiores exemplos dessa tendência são as geladeiras smart — modelos que prometem transformar o eletrodoméstico em um verdadeiro hub de organização, entretenimento e conectividade. Mas será que esse investimento realmente compensa no dia a dia?

 

As geladeiras smart oferecem recursos que vão muito além de conservar alimentos. Com telas touch, câmeras internas, integração a assistentes de voz e até lista de compras sincronizadas, elas permitem consultar receitas, controlar a iluminação da casa, ouvir música ou simplesmente verificar o que há na geladeira sem abrir a porta. É uma proposta que alia design e tecnologia a uma rotina dinâmica, sobretudo para quem enxerga a cozinha como espaço de convivência e não apenas de preparo de refeições.

 

Porém, junto das vantagens vêm os desafios. O custo inicial de um modelo smart é de duas a três vezes maior do que uma geladeira convencional, e a manutenção também exige atenção. Os serviços de limpeza e higienização, troca de filtros ou reparos em vedações seguem uma faixa de preço próxima ao comum, mas os problemas ligados ao sistema eletrônico, como falhas de painel ou conectividade, podem elevar bastante os gastos. Reparos em compressores, por exemplo, chegam a valores entre R$ 1.000 e R$ 3.000, enquanto ajustes em sistemas de drenagem ou recarga de gás custam algumas centenas de reais. Além disso, como qualquer geladeira, ela ainda está sujeita a falhas de vedação, acúmulo de gelo e mau funcionamento elétrico, problemas que podem ser agravados quando associados a sistemas digitais mais complexos.

 

A decisão de investir, portanto, depende do perfil de cada consumidor. Para quem realmente deseja praticidade, centralização de recursos e uma cozinha que funcione como painel tecnológico da casa, a geladeira smart se justifica. Mas, se a ideia é apenas contar com um eletrodoméstico eficiente, modelos convencionais aliados a dispositivos externos, como tablets ou smart displays, podem entregar uma experiência similar por um custo bem menor.


Modelos como a Samsung Family Hub (a partir de R$ 18 mil até R$ 30 mil) e a LG Instaview (faixa de R$ 9 mil a R$ 15 mil) se destacam como os mais conhecidos no Brasil. Apesar do preço elevado, a proposta é oferecer comodidade, eficiência energética e integração com outros dispositivos da casa conectada.

 

Apesar de serem produtos com tecnologia de ponta, a experiência dos usuários, na prática, não é unânime: o alto investimento não elimina dores de cabeça. Problemas comuns relatados incluem falhas no sistema de refrigeração, desgaste rápido de componentes eletrônicos e dificuldades na reposição de peças. No site Reclame Aqui, três casos recentes ilustram essa realidade. Em Montes Claros (MG), um cliente que comprou a Samsung Family Hub por R$ 26 mil descreveu que a geladeira não gelava adequadamente, obrigando-o a manter bebidas em outro refrigerador de R$ 1.500. Em São Paulo (SP), outro consumidor teve o mesmo modelo inutilizado em menos de um mês de uso, passando por um processo longo de troca sem retorno adequado da fabricante ou da loja. Já no Rio de Janeiro (RJ), uma consumidora relatou que sua LG Instaview deixou de refrigerar e sequer foi avaliada pela assistência técnica local, que alegou depender de respostas da fábrica para iniciar o diagnóstico.

 

Esses casos, ainda que isolados, acendem um alerta: pagar caro não é sinônimo de tranquilidade. O que muitos consumidores destacam como mais frustrante não é apenas o defeito em si, mas a disparidade entre o valor investido e a fragilidade do suporte recebido.

 

No fim, trata-se de uma escolha de estilo de vida: transformar a cozinha em um ambiente conectado, onde tecnologia e design se encontram, ou manter a praticidade em soluções mais simples e acessíveis. O fato é que a geladeira smart deixa de ser apenas um eletrodoméstico para se tornar parte do conceito de casa inteligente — e, nesse ponto, seu valor pode ir muito além da função de conservar alimentos.