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Prédios de Curitiba

Onde: Curitiba • 08 de Dezembro - 2023 | Fotos Divulgação

Entrevistamos o autor do projeto "Prédios de Curitiba" para conhecer as histórias, lendas urbanas e arquitetura de alguns dos imóveis mais icônicos da cidade 

O projeto “Prédios de Curitiba”, dedicado a investigar as histórias de alguns dos edifícios mais icônicos da nossa cidade, resultou no lançamento de um livro imperdível para quem gosta de arquitetura e boas histórias.

 

 

Dentre as revelações do livro (lançado em 2017 em versão impressa e atualmente em fase de conversão em mídia digital) está a de que o nosso patrimônio cultural vai muito além das obras arquitetônicas e inclui até mesmo lendas urbanas sobre lobisomens e noivas-fantasma.

O arquiteto Guilherme de Macedo – sócio fundador do Lona Arquitetos e idealizador do livro “Prédios de Curitiba” - contou à Casa Sul um pouquinho sobre como surgiu a ideia de publicar e quais descobertas marcaram a sua jornada.

 

CS: Como surgiu a ideia de abordar o tema dos prédios de Curitiba? Por onde começou o projeto?

A ideia do projeto surgiu a partir de um questionamento pessoal causado pela falta de informações a respeito dos prédios da cidade. Muitos prédios conhecidos, principalmente os icônicos, não possuíam informações relevantes sobre sua história, ano de construção ou autoria.  Começamos a realizar caminhadas urbanas, principalmente na área central da cidade, para fazer registros fotográficos que eram publicados em uma página do facebook junto a uma breve pesquisa a respeito dos autores e estilo de arquitetura.

 


CS: Como foi o processo de engajamento de colaboradores? Como o projeto cresceu?

A partir do sucesso da página no Facebook percebemos que havia um interesse coletivo sobre o tema. Com a troca de informações o projeto foi ganhando corpo e membros como o Arquiteto e historiador Fábio Domingos Batista, que já havia publicado outros livros sobre o patrimônio, e o fotógrafo Washington Takeuchi, o qual mantinha uma produção fotográfica diária com o blog “Circulando por Curitiba”. Essa união reforçou a vontade de escrever sobre o projeto de investigação dos prédios icônicos da cidade, motivando nossa participação, bem-sucedida, no edital lançado pela Fundação Cultural de Curitiba.

 

 

CS: Quais temas o livro aborda e como foi o processo de pesquisa?

A pesquisa do livro teve início em 2014 e abordou um intervalo de 100 anos, tendo o período entre 1916 e 2016 como recorte histórico. A partir disso fizemos um levantamento inicial de aproximadamente 120 prédios merecedores de uma pesquisa mais aprofundada e qualificada; dentre estes, eliminamos os prédios “institucionais” ou que já haviam sido tema de outras pesquisas e literatura; por fim selecionamos 40 edifícios que representavam uma ampla diversidade de estilos, autores e épocas.

 

 

O resultado foi uma seleção “democrática”, com a participação de diversas pessoas durante o processo, entre acadêmicos, arquitetos e historiadores. Além disso, o livro também apresenta amplos textos sobre a história da verticalização da cidade e considera fatos e momentos cruciais para o desenvolvimento da paisagem curitibana.

 

CS: Como o projeto evoluiu após a publicação do livro em 2017? Como se encontra atualmente?

O livro foi um incentivo para que o tema se tornasse um projeto mais amplo. De lá para cá internalizamos o projeto para o Lona Group, escritório de arquitetura do qual sou sócio fundador e onde temos como foco a produção de projetos. A partir da publicação também tivemos a oportunidade de apresentar palestras, participar de mesas redondas e debates em geral sobre a cidade e sua construção.

 

 

Atualmente o projeto do livro foi digitalizado para um site onde apresentamos a pesquisa e outros artigos sobre arquitetura, cidades, artes, fotografia e curiosidades. Recentemente fizemos uma reimpressão do livro por meio de uma plataforma colaborativa, respondendo à demanda gerada pelo público mais recente do projeto. Futuramente pretendemos lançar um novo livro com mais 40 prédios que gostaríamos de destacar no patrimônio da cidade.

 


CS: Qual o seu favorito dentre todos os edifícios que você investigou? Quais histórias mais interessantes você gostaria de compartilhar?

 

É difícil falar sobre um edifício em específico pois cada novo prédio e conteúdo se torna mais interessante à medida que o tempo passa, causando uma impressão maior. Se tivesse que escolher, porém, diria que tenho um carinho especial pelo edifício Tijucas: devido à sua história, sua relevância para a cidade, seus personagens e o fato de eu passar por sua galeria praticamente todos os dias, é um dos meus favoritos. Quanto às histórias, cada prédio tem uma diferente e cada narrador amplifica a sua.

 

 

Os prédios mais antigos, como o edifício Asa e o Tijucas, concentram uma série de curiosidades e histórias sobre noivas suicidas e lobisomens alfaiates - histórias que se confundem entre lendas e verdades. É também nesse tom que os prédios mais novos vão construindo a sua própria identidade, gerando novos marcos, ora tecnológicos ora arquitetônicos. Isso é o bonito da vida, a construção e o legado que vai passando de geração a geração.

 

*Esta entrevista faz parte da edição 116 da Revista Casa Sul, já à venda nas bancas e em nossa loja virtual.