Arquitetura

A favor do bem-estar

Onde: Curitiba • 15 de Junho - 2020 | Fotos Divulgação

Tempo em casa fez moradores perceberem a necessidade de ter uma residência que promova sensações de bem-estar e conforto

O novo coronavírus está afetando diversos aspectos da vida social e, desde quando as recomendações de ficar em casa se tornaram mais incisivas e o home office se tornou uma das alternativas mais viáveis de trabalho, as pessoas começaram a olhar para dentro de seus lares sob outra perspectiva. Isso fez com que imperfeições antes não percebidas começassem a ser notadas. A Brain Inteligência Estratégica e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) promoveram uma live para apresentar tendências que foram potencializadas a partir do momento em que o “#FiqueEmCasa” se tornou um movimento popularizado e abrangente.

De acordo com Fábio Tadeu Araújo, sócio dirigente da Brain, a varanda multifuncional é uma tendência que se desenvolveu durante a pandemia e uma das que mais irá atingir o público que procura por um novo imóvel. “A varanda se tornou um espaço em que as pessoas podem respirar ar puro e se sentir minimamente fora de casa. Por conta disso, virou cômodo essencial. Porém, o que foi percebido por grande parte dos moradores é que muitas varandas não pegam sol, ou não têm espaço suficiente, ou ainda não estavam devidamente adequadas para serem utilizadas. Temos certeza que essa percepção vai levar muita gente a fazer reformas e, mais que isso, a procurar por empreendimentos que entreguem varandas maiores e até mesmo mais ensolaradas. Garden e cobertura também se tornarão tipologias mais procuradas”, explica o especialista.

Residências que promovem o bem-estar também ascenderam durante a pandemia. Ambientes que integram a natureza, paisagismos mais verdes e confortáveis, e casas que são visualmente mais aconchegantes estão ganhando espaço no “novo normal”. O estudo Arquitetura e a Saúde do Usuário, dos pesquisadores Andreza Soethe e Leandro Leite, apresentado na Universidade de Viçosa em 2015, aponta elementos arquitetônicos que influenciam diretamente na saúde e bem-estar dos habitantes. São eles: luz, cor, som, aroma, textura e forma.



Esse ponto, aliado ao home office, que também é um estilo de trabalho que veio para ficar, como é apresentado por Marcos Kathalian, sócio da Brain, é suficiente para incentivar as pessoas a planejarem espaços adequados e motivadores dentro de casa. O relatório Human Spaces no Impacto Global de Design Biofílico no Local de Trabalho de 2015 mostrou que ambientes com elementos naturais geram níveis até 15% mais altos de bem-estar e criatividade e 6% a mais de produtividade. Ainda, dois terços (67%) dos entrevistados relatam sentir felicidade ao andar em ambientes iluminados com as cores verde, amarelo ou azul.

A partir dessas estimativas que influenciarão a residência e o estilo de vida de muitas pessoas, incorporadoras imobiliárias já estão se preparando para uma nova demanda de mercado. Maurício Fassina, diretor da GT Building, uma das principais empresas paranaenses voltadas a esse setor, comenta que a companhia tem percebido que essas e outras tendências estão ganhando espaço e, por isso, projetando empreendimentos que valorizem esses conceitos. “Nós já estávamos articulando projetos em linhas imobiliárias que vinham se mostrando crescentes, como tecnologia, sustentabilidade, integração de espaço, coworking e conectividade física e digital. O fato é que, com a pandemia e uma mudança de contexto residencial, precisamos olhar ainda mais atentos para espaços que antes não eram o principal destaque. São segmentos em ascensão, que vão mudar a perspectiva do mercado e que, com certeza, nos adaptaremos para entregar aos clientes”, finaliza.