A arte que reveste murais e fachadas
Onde: Curitiba • 03 de Julho - 2025 | Fotos Patricia AmancioDo traço orgânico à cerâmica, murais levam cor, cultura e identidade para dentro e fora de casa. O painel assinado por Lenzi Junior para a CASACOR Paraná é um exemplo dessa expressão viva
Os murais têm o poder de transformar completamente um espaço. Mais do que simples adornos, eles expandem a função da arte ao se integrar à arquitetura, ocupando paredes, muros ou fachadas e criando uma espécie de pele viva para o ambiente. É uma forma de tornar a arte acessível, presente no cotidiano, sem depender de molduras.
No décor, o mural reforça a identidade do projeto, cria pontos focais e pode carregar narrativas que falam da cultura local, de memórias ou mesmo de sentimentos. Seja em linhas orgânicas ou composições geométricas, minimalistas ou carregadas de cor, essa é uma intervenção que vai além do estético — estabelece um diálogo entre a arquitetura, o morador e a cidade.
É também uma maneira de valorizar o trabalho manual e a trajetória de artistas que escolhem o mural como suporte para suas histórias. Cada obra é única, traz a mão do autor, o ritmo do traço, e faz o olhar do público transitar pelo espaço de forma mais sensível.
Na CASACOR Paraná 2025, essa linguagem pode ser vista logo na entrada do casarão na Carmelo Rangel, onde o artista Lenzi Junior criou um painel cerâmico exclusivo de 30 m² para a fachada. A obra dialoga naturalmente com o paisagismo do terreno — marcado por uma araucária centenária — e homenageia o modernismo.
O painel traz elementos geométricos e referências à natureza do Sul do Brasil, como pinhões, araucárias e a gralha azul, em sintonia com o tema nacional da CASACOR 2025, “Semear Sonhos”, que trata dos sonhos coletivos, da cooperação entre ecossistemas e da confluência de saberes.
Lenzi Junior tem mais de quatro décadas de carreira, iniciada ainda na infância, quando acompanhava o trabalho do pai, Adoaldo Lenzi, e se aproximou de nomes como Poty e Alberto Massuda. Sua produção passeia por pequenos azulejos, grandes murais e quadros decorativos, sempre com forte presença do trabalho manual e narrativas que atravessam o tempo.
O mural pode ser conferido durante toda a mostra, que acontece até 27 de julho no Batel, em Curitiba.